Em casa de Ferreiro o espeto é de pau!

Você acredita no acaso ou é daquelas que prefere acreditar que tudo na vida tem um por quê de ser? Bem, eu acredito que nada é por acaso e que em algum momento do caminho tudo se cruza….. Então voltando lá em mil novecentos e bolinha quando eu ainda estava na faculdade de psicologia o filho mais velho do meu marido, por volta de seus 9 anos começou a tomar ritalina, foi o primeiro contato que eu tive com o TDADH. Naquela época eu mal podia imaginar o que o futuro iria me reservar….

TDAH é uma sigla que representa o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Trata-se de um transtorno do neurodesenvolvimento. As características centrais são a dificuldade em regular a atenção e controlar impulsos e hiperatividade. O TDAH é uma síndrome de base genética bastante relevante. (fonte: www.vittude.com)

O Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade foi a ‘doença’ escolar mais difundida das últimas décadas, mas erroneamente mal diagnosticada por profissionais despreparados. As crianças com déficits de atenção ainda sofrem muito com rótulos e tratamentos inadequados, mas o problema não acaba ai. Outros tipos de transtornos associados ao aprendizado são confundidos com o TDADH e deixam de ser diagnosticados corretamente, dificultando o tratamento correto e impedindo as crianças de terem uma rotina saudável na escola.

Quando meu filho fez 7 anos começou a ter dificuldades de se manter sentado e quieto em sala de aula a escola me chamou sucessivas vezes me pedindo que o levasse ao médico para medicá-lo. Como boa psicóloga e mãe que sou, procurei uma equipe multidisciplinar e comecei então a luta para fechar um diagnóstico. Nesta época encontrei um anjo, uma pedagoga, uma profissional incrível, que tem uma equipe de professores e psicólogos que acompanham ele até hoje. O que todos os profissionais me diziam eram que incontestavelmente eu tinha um filho muito inteligente, encantador, amável, dócil, fácil de lidar e que ele não era inquieto como as professoras reclamavam, mas que ele gostava mais das atividades dinâmicas! Agora precisávamos entender o porque das reclamações? Neurologista, exames e mais exames, testes e mais testes, fonoaudiólogos e mais testes…. Essa ‘novela’ durou até os 9 anos e as dificuldades que enfrentei foram várias… Mas a principal delas foi a falta de apoio e compromisso da escola, que achava que simplesmente medicar ia resolver o problema e que os professores nada tinham a fazer nesta situação!

Laudo

TPAC Transtorno do Processamento Auditivo Central e Déficit de atenção.

  • Déficit  na habilidade de fechamento auditivo para orelha esquerda com perda de 40%.
  • Esta dificuldade pode estar relacionada ao desconforto com barulhos. A consequência dessa alteração é um prejuízo no processo gnóstico auditivo envolvido na linguagem expressiva e no processo de desatenção.
  • Déficit da habilidade de interação binaural.

Transtorno do Processamento Auditivo (TPAC)

O que é processamento auditivo central? A capacidade que o sistema nervoso tem para traduzir as informações enviadas pela audição é chamada de processamento auditivo central. Essa habilidade está diretamente relacionada com a localização dos sons, a possibilidade de prestar atenção em um som e ignorar outros, memorizar sons. Algumas das funções do processamento auditivo são: localização e lateralizacão dos sons, discriminação auditiva, reconhecimento do padrão auditivo, aspectos temporais da audição.

Por que o transtorno do processamento auditivo central acontece? O transtorno do processamento auditivo pode ser provocado por múltiplas causas. As mais comuns são os problemas origem genética, lesões cerebrais por anóxia ou traumatismo craniano, além da presença de outros distúrbios neurológicos atraso maturacional das vias auditivas do Sistema Nervoso Central ou por envelhecimento natural do cérebro. A maior parte dos diagnósticos da doença costuma ser feita em crianças e idosos.

Primeira coisa que fiz ao constatar que meu filho já estava aos 9 anos 8kg a cima do peso, com baixa auto estima, sem o apoio da escola e nível avançado de stress infantil foi seguir o conselho da terapeuta dele e tira-lo da escola! Decisão nada fácil! Como é difícil mudar, como é difícil escolher o que é melhor para nossos filhos! Começamos então o ano escolar seguinte em uma escola nova, que tinha um perfil de exigir menos conteúdo dos alunos e priorizava mais o indivíduo enquanto ser humano. Uma escola de freiras, pequena e tradicional. O médico  receitou para ele a ritalina, Luis Henrique teve um ano tranquilo fazendo novos amigos e na terapia trabalhando sua auto estima.

Chegou a hora de mudar novamente, agora mais confiante Luis Henrique precisava voltar a crescer e eu precisava encontrar uma escola que pudesse me ajudar a ajuda-lo. E não é que aquela minha teoria de que nada é por acaso funcionou de novo! Uma escola nova estava sendo construída bem pertinho da minha casa, entrei na internet e fui ler sobre a metodologia de ensino. Gostei e resolvi ir lá conhecer! Esse é o nosso terceiro ano no Colégio COC. O colégio conta com uma equipe de profissionais composta por psicólogos e pedagogos que estão preparados para lhe dar com cada caso. Uma escola inclusiva que me deu opção de ledor (de forma sintética, podemos dizer que ledor é aquela pessoa que se dispõe a realizar leituras para aqueles que não podem ou tem dificuldades de compreensão em ler/ fonte: dicionário) e provas separadas com tempo diferenciado para o Luis Henrique. Foi então que a minha vida começou a se acalmar! Ufa!! Um respiro!

Logo recebi um recado pelo aplicativo marcando uma reunião com a professora da Maria Luisa. Minha filha caçula estava perto de completar 7 anos. E Agora, quem irá me socorrer?

A professora percebeu que a Maria Luisa não estava acompanhando a leitura como deveria e estava tendo algumas dificuldades na realização das tarefas. A Super Mamãe entra em ação novamente! Dessa vez foi mais fácil! A escola percebeu logo no inicio, me chamou rápido e já me ofereceu ajuda com ledor para as provas e acompanhamento até eu conseguir fechar o laudo dela.

Como eu já estava familiarizada com o assunto e conhecia a equipe multidisciplinar não foi tão demorado, mas mais uma vez eu me surpreendi. O TPAC da Maria Luisa  é completamente diferente do Luis Henrique e ai tive que começar a estudar tudo de novo!

Laudo

TPAC Transtorno do Processamento Auditivo Central:

  • Teste de Padrão Sequencial de Frequência (Musiek) que avalia as habilidade de reconhecimento de padrão de frequência, memoria sequencial e nomeação alterados.
  • Efeito auditivo baixo-alto ou efeito ordem baixo-alto: indicativo de alteração de memória auditiva. Esta dificuldade pode estar relacionada à dificuldade de evocar da memória algo, a menos que algum pista seja dada. Além disso, pode também levar a desconforto com barulhos. A consequência dessa alteração é um prejuízo no processo gnóstico auditivo envolvido na linguagem expressiva.
  • O teste de reconhecimento de padrão temporal, PPS indica déficit nas habilidades para o reconhecimento de contorno acústico e para nomeação dos padrões de frequência.

No caso da Maria Luisa não existe déficit de atenção e nem necessidade de medicação. No caso dos dois existe a necessidade de acompanhamento fonoaudiólogo de treino em cabine. Ambos transtornos do Processamento auditivo Central, mas transtornos que embora diferentes trazem grandes dificuldades quando eles tentam estudar sozinhos.  Acho lindo quando uma amiga me diz: ‘Meus filhos estudam sozinhos! Nunca precisei sentar pra estudar com eles!’ Nossa!!! Fico até emocionada!!   (rs..) 

Minha rotina é árdua, tenho semana de prova a cada 20 dias, as vezes me da vontade de chorar! É querida mamãe e companheira de jornada, a psicóloga aqui também tem vontade de sentar e chorar! Aulas de matemática e gramática eles fazem acompanhamento semanal com a professora particular, porque eu não mereço ter que estudar cálculo e pretérito perfeito de novo na vida! Agora estou aprendendo espanhol e melhorando meu inglês!

Aqui em casa temos 3 filhos lindos e super inteligentes mas acredito que quando Deus juntou a minha genética com a do marido ele estava com dor de ouvido! Huahuahuahua

Camelo, mamãe? Blogspot: Dicas para ajudar uma criança com DPAC

Dicas de como pais e professores podem ajudar uma criança com alteração do processamento auditivo (DPAC) Ótimas dicas do blogspot Camelo, mamãe?!

– Antes de começar a falar, chame, olhe, ou toque a criança. Garanta que ela esta olhando para você; – Fale mais alto, sem gritar, olhando para criança de frente;- Fale pausado, mais articulado;- Repita a ordem várias vezes, garanta que a criança entendeu, pedindo que ela repita o que deve ser feito;- Use frases mais curtas;- Adicione palavras diferente às da criança, ampliando o vocabulário dela;- No início diminua os barulhos da casa (desligar rádio, TV) ou da sala de aula (pedir silêncio, fechar a janela quando possível), enquanto se fala com a criança;- Criar situações de comunicação com o seu filho pelo menos 30 minutos por dia; -Contar histórias, cantar músicas, perguntar sobre a atividades do dia.

Estimulação em cabine, acompanhamento com neurologista e fonoaudiólogo. Estudo dirigido e provas acompanhadas. Aulas de reforço! Bastante oneroso e eu não tenho tempo para nada! Pura realidade! Eles tiram notas boas e nunca ficam de recuperação nem provas finais, vale todo o esforço! A parceria com os profissionais que acompanham eles e a escola é de extrema importância e faz toda a diferença ao final de tudo.

Meus filhos não precisam ser os melhores alunos da escola mais difícil, eles precisam ser bons alunos na escola que faz deles crianças felizes!

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