Ex-ministro da Saúde disse que passou a dar entrevistas diárias porque não havia um plano de comunicação do governo. Ele prestou depoimento à CPI da Covid do Senado Federal.
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse nesta terça-feira (4) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado que o governo federal não quis fazer uma campanha de comunicação oficial contra a Covid-19.
Mandetta afirmou que, quando era ministro, passou a dar entrevistas diárias a fim de transmitir informações e orientações sobre a doença porque não havia um plano de comunicação do governo.
“Aquelas entrevistas, elas só existiam porque não havia o Plano de Comunicação. Não havia. O normal, quando se tem uma doença infecciosa, é você ter uma campanha institucional. Como foi, por exemplo, a Aids. Havia uma campanha onde se falava sobre a Aids, como pega, e orientava as pessoas a usar preservativo. Era difícil para a sociedade brasileira fazer, mas havia uma campanha oficial. Não havia como fazer uma campanha [contra a Covid]; Não queriam fazer uma campanha oficial”, afirmou.
A CPI investiga ações e omissões do governo federal no combate à pandemia da doença causada pelo novo coronavírus. Além de Mandetta, os senadores devem ouvir os também ex-ministros da Saúde Eduardo Pazuello e Nelson Teich, assim como Marcelo Queiroga, atual ministro.
Mandetta respondeu a questionamento do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, que quis saber se houve um pedido expresso do presidente Jair Bolsonaro para o então ministro reduzir a quantidade de entrevistas sobre a pandemia e se havia um plano de comunicação para substituir as entrevistas.
Na resposta, Mandetta também afirmou que existia a cobrança para explorar números positivos nas divulgações do Ministério da Saúde.
“Então, havia necessidade de manter a questão das informações. Mas realmente, era para… Havia um pedido assim ‘coloque o número’, essa coisa. ‘Por que não coloca o número dos curados? Tá colocando só os números…’ Então, a gente passou a colocar. Se é uma informação, vamos colocar a informação — informação positiva. Mas não havia essa iniciativa de comunicação”, declarou Mandetta.
2ª onda seria ‘menor’
Em outro momento do depoimento, em resposta a uma pergunta da senadora Simone Tebet (MDB-MS), Mandetta disse que a segunda onda da Covid-19 no Brasil seria “muito menor” se houvesse campanhas de educação em saúde, o que não foi feito.
“Promoção em saúde, que é feita não só pelo ministro, não só pelo presidente, mas é feita pelos ídolos, pelos atletas. Assim que nós fazíamos, por exemplo, vacina do Zé Gotinha, era o Ronaldinho. Utiliza-se o que o país tem de melhor para unir.
Eu acredito que teríamos tido uma onda muito menor”, disse o ex-ministro da Saúde.
Na sequência, o ex-ministro afirmou que, se houvesse uma “equipe técnica” na condução do Ministério da Saúde, a segunda onda sequer teria ocorrido.
“E, principalmente, se tivesse uma equipe técnica, tinha adquirido vacina, essa segunda onda não teria acontecido. Teria sido suprimida por vacinas”, declarou.
Fonte: G! Política